sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Rosa Pinelli - não morra. Ah...

Eu tentava me concentrar - juro que tentava. Mas ela passava ali, e o cheiro dela... seu perfume, aquela coisa doce, aquela coisa que me tirava do peito um sentimento dolorido, aquele cheiro que faia com que eu saísse de mim.
- Onde está com a cabeça? - minha mãe perguntava.
E eu pensava "Não a tenho, mãe. Oh, mãe, não entende? Agora sou só coração, e ainda assim não o tenho - quem o tem é ela, e guarda-o sem saber. Não vê, mãe? Não sente? Esse cheiro, não o sente? Ah, mãe, esse cheiro me tem, esse cheiro..." - e ela perguntava denovo, dessa vez me dando um tabefe com os dedos fechados na minha nuca:
- Onde está com a cabeça, menino?

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