sábado, 21 de fevereiro de 2009

Palavras em vão não

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."
(Fernando Pessoa)

Me dói ter que forçar que palavras saiam de mim. Elas costumam me implorar para sair, mas agora se agarram para ficar. Escritas assim, sem ter porque, sem ter a quem, elas não significam nada, mas ao mesmo tempo me expõem por completa, deixando-me nua frente a olhos brutos, que vão julgar meu corpo por suas formas.
A subjetividade das minhas palavras é tanta que não há como não me por nelas, me expondo - coisa que dói - pois são partes de mim. Vou sempre optar por deixá-las livres para saírem quando quiserem, quando precisarem, quando transbordarem. Às vezes elas usam lágrimas como veículo, às vezes as mãos, às vezes as duas. Mas quando as palavras saem à força, a lagrima deixa de ser veículo e se torna conseqüência, mas não são mais macias e molhadas, são ásperas e ardem, assim como as palavras.
Não em force a soltar palavras que não querem sair. São elas o que tenho de mais meu e expô-las a qualquer um além de perderem a força, machucam.

Um comentário:

  1. wow! (qu'inspiratio!)

    mas... mesmo doces palavras
    podem amargar ouvidos tapados
    rasgar mãos embolsadas e...
    as vezes duras palavras fazem
    amolecer duras barreiras e...
    silenciosas palavras podem
    inundar desavisadas bocas secas

    palavrar, pra lavrar as palavras?
    calar pra descolar palavras ou...
    agir (afoita) sem pensar palavras?
    mas para fazer andar as palavras
    ACTA NON VERBA é a moita regra...

    ...

    ResponderExcluir