quarta-feira, 2 de junho de 2010

culpa em sonho


Estou na penumbra arrumando o quarto.
Uma bagunça.
Na penumbra as coisas parecem mais cinzas e empoeiradas.
O ar parece mais denso e inrespirável.
Vejo em uma mochila uma mão,
fina emaranhada em um cabelo loiro e liso.

Ponho em minhas costas a mochila, logo o cadáver.
Pego metro e a minhas costas doem e encurvam com o peso.
Ainda tenho
que andar muito.
O metro tem luz de hospital e as pessoas me estranham.

Na rua é madrugada e o tempo é longo e frio.
Ando muito e minhas costas doem.
Entro no galpão vazio e escuro
e penduro a mala no vestiário.

Não há mais peso, nem culpa.

"O cadáver é dele e ele é quem tem que resolve-lo."

4 comentários:

  1. Quantas mochilas
    cheias de pedras e pudores
    não nos arrastam ao fundo do rio?
    A correnteza é lenta
    e tenta,
    mas não consegue.
    A pedra é sempre mais dura.
    E a vida?
    Mais pesada ainda...

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