domingo, 21 de novembro de 2010

A História de Teresa e o Mundo

A história poderia ser a história de Teresa, pois é de todas as mulheres.
Chamo de mulher tudo aquilo que tem alma.

Teresa tinha uma só palavra com a qual se identificava: grotesco.
E acreditem, essa é a palavra mais bonita que poderiam ouvir.
Tinha a mania de se expor e depois esconder.
Ao fechar as pernas escondia o mundo que contia em sua barriga e ria.
Achava graça no olhar pasmo dos homens que abandonava
esperando para terem um pouco do mundo,
ou apenas cutucar seu céu.
Corria, quase sem ter aonde ir.
Quando se escondia em um canto,
fazia com suas mãos lhe acolhessem entre suas pernas.
Nesse exato momento chorava.
E qualquer um que fosse Teresa choraria,
pois sentiria como é difícil carregar o mundo.
Saberia que quem tem que carregar o mundo, não pode carregar mais ninguém.

Um comentário:

  1. "O mundo era tão recente que
    muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo.
    Todos os anos, pelo mês de março, uma família de ciganos esfarrapados plantava a sua
    tenda perto da aldeia e, com um grande alvoroço de apitos e tambores,dava a conhecer
    os novos inventos. Primeiro trouxeram o imã. Um cigano corpulento, de barba rude e
    mãos de pardal,* que se apresentou com o nome de Melquíades, fez uma truculenta
    demonstração pública daquilo que ele mesmo chamava de a oitava maravilha dos
    sábios alquimistas da Macedônia. Foi de casa em casa arrastando dois lingotes
    metálicos, e todo o mundo se espantou ao ver que os caldeirões, os tachos, as tenazes e
    os fogareiros caíam do lugar, e as madeiras estalavam com o desespero dos pregos e dos
    parafusos tentando se desencravar, e até os objetos perdidos há muito tempo
    apareciam onde mais tinham sido procurados, e se arrastavam em debandada
    turbulenta atrás dos ferros mágicos de Melquíades. “As coisas têm vida própria”,
    apregoava o cigano com áspero sotaque, “tudo é questão de despertar a sua alma.”"

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